Blogroll

quarta-feira, 15 de maio de 2013

DFC- Demonstração dos Fluxos de Caixa: Entendendo a sua estrutura.



O Brasil passou a adotar a Demonstração dos Fluxos de Caixa, através da Lei 11.638/07, no seu artigo 176, inciso IV, que torna a DFC como uma das demonstrações financeiras obrigatórias, além das “tradicionais”: Balanço Patrimonial; Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração do Valor Adicionado [se companhia aberta].

Existe uma exceção na Lei, em relação a não obrigatoriedade de elaboração e publicação da Demonstração de Fluxo de Caixa, no caso de companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000 [dois milhões de reais].

Estruturação da Demonstração do Fluxo de Caixa

De acordo com CAMPOS (2000), a estrutura da Demonstração dos Fluxos de Caixa [DFC] compõe-se de quatro grandes grupos, que são:

Ø  Disponibilidades;
Ø  Atividades operacionais;
Ø  Atividades de Investimentos; e
Ø  Atividades de Financiamentos.

Disponibilidades [Caixa e equivalente de caixa]
           
Abrange o dinheiro em caixa, o saldo das contas correntes nos bancos e as aplicações financeiras em CDB´s, fundos de investimentos, e outras aplicações financeiras assemelhadas, com prazo de vencimento de até três meses da data da aplicação. Aplicações financeiras com prazo maior de vencimento devem serão classificadas no grupo Investimentos.
           
  • Caixa;
  • Depósitos bancários a vista;
  • Aplicações de alta liquidez.

Atividades Operacionais

Representa as atividades de caixa do objetivo principal da empresa, correspondendo geralmente às contas da demonstração de resultados. O detalhamento deste grupo precisa ser adaptado a cada tipo de empresa, para a correta demonstração dos principais recebimentos e pagamentos operacionais. O detalhamento pode ainda ser feito com o que se costuma chamar de centros de custos, resultados ou ainda atividades.
           
Exemplos de fatos:

Recebimentos operacionais de:

  • Clientes por vendas a vista;
  • Clientes por vendas a prazo;
  • Adiantamentos de clientes;
  • Rendimentos de aplicações financeiras;
  • Juros de empréstimos concedidos;
  • Dividendos recebidos;
  • Outros recebimentos

Pagamentos operacionais de:

  • Fornecedores de matéria-prima;
  • Fornecedores de mercadorias;
  • Adiantamentos de fornecedores;
  • Salários e encargos;
  • Tributos;
  • Encargos Financeiros;
  • Outros pagamentos 


Atividades de Investimentos

Representa as atividades de investimentos permanentes e temporários da empresa, como por exemplo:

Recebimentos

  • Do valor principal da venda de bens do ativo imobilizado e de resgate dos investimentos temporários não equivalentes a caixa [debêntures, ações, etc]
  • Da venda de participação societária em empresas coligadas e controladas;
  • De dividendos de participações societárias permanentes, etc...

Pagamentos

  • Pela compra de bens do ativo imobilizado;
  • Pelos gastos diferidos;
  • Pela aquisição de participação societária em empresas coligadas e controladas;
  • Pela compra de investimentos temporários;
  • Pela concessão de empréstimos, etc...

 
Atividades de Financiamentos

O conceito de financiamentos utilizado aqui é diferente do conceito predominante no mercado. Quando se fala de financiamentos, no contexto de empresa, geralmente envolve a aquisição de um bem financiado com recursos de terceiros. Aqui, financiamentos é um conceito mais abrangente. Inclui os recursos de terceiros e os recursos próprios recebidos. Nesse conceito, quando os acionistas colocam dinheiro na empresa, há estão financiando.

            Exemplos de fatos:

Recebimentos

  • Integralização de capital;
  • Empréstimos e financiamentos;
  • Emissão de títulos de débitos, etc...

Pagamentos

  • Dividendos aos acionistas;
  • Recompra de ações de emissão da própria companhia;
  • Resgate de títulos, etc...

Modelos de Fluxos de Caixas

Existem duas modalidades para elaboração da DFC. O método direto e o método indireto.

A principal diferença é quanto à apresentação das atividades operacionais.    A metodologia direta divulga informações mais complexas e de melhor qualidade, elaborada a partir de informações com base em critérios técnicos, eliminando, assim, qualquer interferência fiscal.  

A metodologia indireta é mais simples, e, conseqüentemente requer menos trabalho para a sua elaboração.

 MODELO DE DFC PELO MÉTODO DIRETO[1]


           CIA CMRC S.A



            Demonstração do Fluxo de Caixa


            exercício findo em 31/09/20x9


Atividades Operacionais:




Recebimentos de clientes



100.000
Pagamentos a fornecedores de estoques


-20.000
Pagamentos de impostos sobre vendas


-2.000
Pagamentos de despesas com vendas e administrativas
-12.000
Pagamentos de despesas financeiras


-3.000
Recebimentos de receitas financeiras


5.000
Dividendos recebidos de sociedades investidas

2.500
Pagamentos de imposto de renda e contribuição social
-7.000
Fluxo de caixa das atividades operacionais

63.500
Atividades de Investimentos:




Alienação de investimentos



30.000
Alienação de ativos imobilizados


20.000
Aquisição de investimentos



-7.300
Aquisições de ativos imobilizados


-6.400
Empréstimos concedidos



-6.900
Recebimentos de empréstimos concedidos


7.400
Aplicação em renda fixa e variável


-9.600
Recebimentos de aplicações em renda fixa e variável

10.600
Fluxos de caixa das atividades de investimentos

37.800
Atividades de Financiamentos:



Recebimentos de empréstimos e financiamentos

17.000
Pagamentos de empréstimos e financiamentos

-13.000
Recebimentos de integralização de capital


27.000
Dividendos pagos




-7.250
Compra de ações em tesouraria



-1.230
Fluxo de caixa das atividades de financiamentos

22.520







Fluxos de caixas das atividades


123.820







Caixa no fim do período



228.420
Caixa no início do período



104.600
Aumento líquido de caixa



123.820











 
MODELO DE DFC PELO MÉTODO INDIRETO[2]


           CIA CMRC S.A



            Demonstração do Fluxo de Caixa


            exercício findo em 31/09/20x9


Atividades Operacionais:




Lucro líquido do exercício



71.510
Aumento[diminuição] de itens que não afetam o caixa


Depreciação e amortização



2.400
Resultado de equivalência patrimonial


-7.600
Dividendos recebidos de empresas investidas

2.500
Lucro na venda de investimentos


-2.750
Lucro na venda de ativo imobilizado


-2.430
Aumento de contas a receber de clientes


-13.100
Aumento dos estoques



-4.600
Aumento de fornecedores de estoques


12.550
Aumento de contas a pagar



2.950
Aumento de impostos sobre vendas


700
Aumento de impostos sobre lucro


2.300
Aumento de despesas antecipadas


-930
Fluxo de caixa das atividades operacionais

63.500







Atividades de Investimentos:




Alienação de investimentos



30.000
Alienação de ativos imobilizados


20.000
Aquisição de investimentos



-7.300
Aquisições de ativos imobilizados


-6.400
Empréstimos concedidos



-6.900
Recebimentos de empréstimos concedidos


7.400
Aplicação em renda fixa e variável


-9.600
Recebimentos de aplicações em renda fixa e variável

10.600
Fluxos de caixa das atividades de investimentos

37.800







Atividades de Financiamentos:



Recebimentos de empréstimos e financiamentos

17.000
Pagamentos de empréstimos e financiamentos

-13.000
Recebimentos de integralização de capital


27.000
Dividendos pagos




-7.250
Compra de ações em tesouraria



-1.230
Fluxo de caixa das atividades de financiamentos

22.520







Fluxos de caixas das atividades


123.820
Caixa no fim do período



228.420
Caixa no início do período



104.600
Aumento líquido de caixa



123.820

A DFC tem importante poder informacional e gerencial, motivo pelo qual, independente do porte da empresa, a sua elaboração é fundamental para o entendimento das operações das organizações.


[1] Modelo adaptado de Braga Hugo Rocha e ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Mudanças Contábeis na Lei Societária. São Paulo. Atlas: 2008
[2] Modelo adaptado de Braga Hugo Rocha e ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Mudanças Contábeis na Lei Societária. São Paulo. Atlas: 2008