Blogroll

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Escrita científica.

Escrever realmente não é uma tarefa fácil. Exige planejamento, foco, e muita determinação.
Falo por experiência própria, pois nos  livros e artigos que escrevi sempre exigiu muita concentração, e o estabelecimento de metas pessoais, como por exemplo, a produção de um capítulo à cada duas semanas.
No meu caso, necessito estar "pressionado" pelo tempo para escrever melhor, não me sinto confortável em ter todo o tempo do mundo à minha disposição.
Além da determinação, a pesquisa deve acompanhar o escritor, principalmente em assuntos técnicos, como é o meu caso, que escrevo sobre auditoria, contabilidade e finanças.
Cercar o assunto que deseja escrever favorece que o autor tenha uma base sólida de informações que podem ser úteis no momento da escrita, e no meu caso, costumo "abrir pastas na nuvem", através de aplicativos como o dropbox, googledrive e sendspace, com temas que podem ser úteis para escritas futuras. Atualmente estou "perseguindo" reportagens sobre fraudes financeiras, contábeis, empresariais,  pois pretendo escrever um livro direcionado a esta área.
O fichamento de livros também é uma arma poderosa para o pesquisador, pois assim poupa tempo no momento de escrever, uma vez que  terá resumidamente as fontes de onde foram coletadas definições, conceitos, figuras, dados, indicando os autores, e as páginas de onde foram coletadas.
Como orientador de artigos científicos e monografias, percebo a perda de tempo, o que demanda aos alunos ter que ler novamente trechos de livros e artigos, por não terem realizado o fichamento adequadamente.
Comigo também funciona, o desenvolvimento de um "mapa mental" que é a colocação de uma palavra central, e várias ramificações que me conduzem a pesquisar de forma lógica e racional sobre determinado assunto, por exemplo:
Palavra central: relatórios financeiros internacionais
 





















Ramificaçōes: padrões internacionais de relatórios, órgãos normalizadores, países que adotam, usuários da informação... 
Colocando desta maneira me ajuda a conduzir a escrita, como se eu tivesse pequenos sumários por temas que pretendo desenvolver nos artigos, livros e comentários.
Estas são pequenas dicas que para mim estão me auxiliando, e espero que sirvam também para quem tem o gosto, ou a necessidade, de escrever cientificamente.
Aproveito para compartilhar um link muito interessante produzido por professores da USP, com mais dicas valiosas para "turbinar" a escrita de artigos científicos.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Compliance Empresarial: Ferramenta de gestão de riscos corporativos



Em épocas difíceis como a que vem assolando vários países do mundo, onde as economias não raras às vezes estão passando por processos de recessão, ou no mínimo retração sistemática do crescimento, faz com que as entidades tenham que se reinventar.

Este reinventar pode ser positivo, revendo processos internos, melhorando a capacidade de produção e entrega dos produtos, inovando no atendimento ao cliente, com esperança de haver reflexos que maximizem as vendas, consequentemente, aumentando o resultado das companhias.

Outra forma salutar de melhorar os resultados passa inevitavelmente pela redução dos custos e das despesas, e sob este aspecto muitas organizações já estão atuando no limite, não tendo mais “gordura” para cortar.

Quando não há melhoria nos resultados, seja obtendo mais receitas, ou reduzindo custos e despesas, e existindo a necessidade imperiosa de “agradar” aos investidores, ou aumentar a fortuna dos sócios, existe uma tentação muito grande de manipular números e operações.

Desde minha infância, sempre escutei um ditado, que trago comigo, nestes anos de pesquisas sobre investigações de fraudes empresariais:

“A ocasião faz o ladrão”

De fato quando há a oportunidade da fraude, seja pela fragilidade dos controles internos das organizações, ou incompetência das áreas responsáveis por sua detecção, aliada a necessidade do fraudador, que pode ser falta de dinheiro, ambição, demonstrar que é mais inteligente que o fraudado, dentre outras, está aberto o caminho para os desmandos.
Sou Contador por formação, mas entender sobre as fraquezas humanas me instiga a pesquisar assuntos relativos a fraudes empresariais.

O ICFE – Institute of Certifed Fraud Examiners, organismo americano que estuda sobre assuntos relacionados a fraudes e comportamentos dos fraudadores, estabeleceu o que eles chamaram de fraud tree, que é uma espécie de árvore genealógica da fraude, sendo composta por:

 





A corrupção envolve normalmente propinas e subornos com a participação de pessoas de dentro das organizações e de fora dela. Neste tipo de crime geralmente a direção das organizações está envolvida, ocultando as transações, o que torna complexa a sua descoberta.



Apropriação de ativos é tipicamente uma fraude comedida por empregados da organização, e existe um largo número de esquemas que podem favorecer a ocorrência de situações desta natureza. Envolve a astúcia dos colaboradores, e não raras às vezes a participação de diversas áreas, caracterizando o conluio, também de difícil detecção.

Fraudes em relatórios que notadamente envolvem a contabilidade e finanças, normalmente praticadas por altos executivos, com o intuito de melhorar a imagem da empresa, fazendo com que o preço das ações da companhia se elevem, o que agrada aos investidores, que colocam mais e mais dinheiro, na esperança de altos retornos.

O ICFE identificou em torno de 49 possibilidades de fraudes, ramificadas por estas três vertentes: corrupção, apropriação de ativos e fraudes em relatórios, tópico que temos a intenção de escrever em futuro post.

A companhia Kroll, especialista na investigação de fraudes corporativas, publicou recentemente pesquisa, com base em resultados do ano de 2014, demonstrando que fraudes relativas a corrupção e suborno são tendências crescentes em todo o mundo, e representam um alto risco para as companhias.

Os dados da pesquisa revelaram, quando perguntado se o risco da corrupção iria aumentar ou diminuir nas companhias nos próximos 3 anos:

Para 50,8% irá aumentar;
Para 29,9% irá se manter;
Para 13,9% não tem certeza; e
Para 5,3% irá diminuir.
A pesquisa completa pode ser acessada no link:

O que chama a atenção é que a pesquisa foi respondida por organizações que possuem um faturamento médio de $ 3,5 bilhões de dólares, o que naturalmente faz com que estas companhias tenham todo um aparato de controles, auditorias e checagem, que as auxilie a minimizar este problema.

No intuito de mitigar os riscos corporativos  a que as companhias estão exposta é que surge o termo compliance empresarial.

Compliance tem o sentido de conformidade, e o que se busca ao implantar esta filosofia nas organizações e justamente verificar se está existindo transparência e ética nos processos.

O processo de gestão de riscos deve ser incorporado nas práticas da organização, e para quem ainda não teve a oportunidade de implantar uma ação desta natureza, resgatamos 7 dicas valiosas de implementação, que foram objeto de um post anterior:

1)     Mapear os riscos corporativos (vulnerabilidade).
Esta é a fase inicial, onde devem ser estudados os processos organizacionais e listados todos os riscos a que a organização está exposta. Todas as organizações possuem riscos em suas operações, e conhecê-los é fundamental para estabelecer ações que possam mitigá-los.

2)     Priorizar os riscos corporativos mapeados.
Uma vez identificados os riscos a que a organização está exposta, relacioná-los por ordem de importância, do mais significativo para aqueles com menor potencialidade de trazer problemas para a organização.
Esta hierarquia permite traçar ações preventivas de curto, médio e longo prazos, dependendo da relevância de cada um dos riscos relacionados.

3)     Envolver a organização em procedimentos éticos.
O desenvolvimento de uma cultura organizacional pautada em procedimentos éticos é fundamental para o sucesso da gestão de riscos, “pegando” os colaboradores pelo exemplo, que deve partir da alta administração.
Ao contrário, em organizações em que a cúpula diretiva apresenta desvios de padrões de condutas éticas, este fato funciona como um fio condutor para os demais colaboradores, que passam a acreditar que também podem agir desta forma.

 4)     Criar área de gestão de riscos e compliance.
Após cumpridas as etapas anteriores, o passo seguinte na evolução da implementação do processo seria criar internamente uma área com atributos voltados a gestão dos riscos corporativos.
Caso não existam pessoas internas com perfil para esta atribuição, poderá ser executada por profissionais terceirizados, com expertise em processos de investigação de fraudes.
O termo compliance tem o sentido de “buscar conformidade”, com padrões adequados de conduta dos negócios estabelecidos internamente, tais como instruções de trabalho, ou externamente, como por exemplo, normas legais.

5)     Disponibilizar canais de denúncias.
É de extrema importância que a organização estimule seus colaboradores e comunidade externa a realizar denúncia contra práticas fraudulentas e corruptivas.
Um canal de comunicação de denúncias deve ser implantado, de tal modo que qualquer pessoa possa realizar uma denúncia de forma anônima, preservando assim a integridade física e moral do denunciante, e que a área de gestão de riscos consiga investigar a denúncia.

6)     Monitorar permanentemente os processos de gestão de riscos.
A manutenção constante dos processos de gestão de riscos é vital para a melhoria continua das práticas de mitigação das possibilidades de ocorrência de fraudes e corrupções.
Em virtude da dinâmica dos negócios, rever constantemente os riscos a que a organização está exposta, e avaliar novos, é fundamental para a melhoria do processo de mitigação.
Investigações sobre contratantes, internos ou externos, monitoração de e-mails corporativos, e acompanhamento de evidências de discrepância entre o acumulo de riqueza e os proventos, são ações importantes contra fraudes e corrupções corporativas.
  
 
7)     Realizar due diligence
O termo due diligence é extremamente difundido para profissionais de auditoria, e tem o sentido de revisão das informações de uma organização, com o objetivo de validar, ou confirmar, dados.

A pergunta que faço, é:

Imagine o estrago que as fraudes causam nas pequenas e médias empresas brasileiras, que não possuem estrutura que lhes de suporte para detecção de malesas desta natureza? 

Surge um enorme campo de trabalho para os profissionais especializados na prevenção e detecção de fraudes empresariais.

Que tal investir nesta carreira?